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JOGO DA VELHA arte contemporânea
2022

Jogo da Velha, 2022

Este trabalho foi desenvolvido dentro de eixos de pesquisa com os quais venho trabalhando ao longo dos anos: corpo/gesto e linguagem. Porém muito do desejo de iniciar esse trabalho surgiu como uma resposta ao meu cotidiano como arte-educadora.

 

Quando atuo como arte-educadora, noto que o desenho é cercado de tabus e devido à estrutura educacional tradicional, que não estimula o aprendizado desta linguagem, percebo que existem muitos sentimentos de frustração em torno da prática do mesmo.  Essas frustrações em geral envolvem desejos perfeccionistas ligados à expressões naturalistas realistas, entendidas como a totalidade do desenho em si. Permitir que o aluno amplie sua noção do que é o desenho e se aproprie desta linguagem de forma pessoal e autônoma, é portanto um dos meus objetivos como educadora. Ao final do semestre, quando propus aos alunos uma reflexão sobre o que é o desenho e onde ele se realiza em nosso cotidiano, um aluno de 12 anos comentou que o jogo da velha é um tipo de desenho. Estimulada por esta fala, eu quis explorar as possibilidades gestuais envolvidas no singelo jogo. Assim, neste políptico, utilizando papel arroz e tinta acrílica bastante diluída, investigo o léxico do jogo da velha, que tem em sua essência o repetir de formas e a velocidade de realização.

 

Me interessa aqui a exploração de variações formais, nas quais os limites entre pintura e desenho são tangenciados. Esta abordagem eu venho investigando há alguns anos, como um desdobramento de minha pesquisa de mestrado, que por sua vez é permeada por minha prática como artista marcial. A arte marcial foi o caminho que me levou a entrar em contato com o shodô, ou caligrafia oriental, e este por sua vez, mostrou-se um território no qual as linguagens do desenho e pintura se contaminam mutuamente.  

 

Em Jogo da Velha políptico com 52 desenhos, evoco a atitude do calígrafo que também ressoa com a atitude do artista marcial ao explorar a gestualidade e sua repetição a partir de um forma pré-estabelecida. O entendimento como pintura entra portanto aqui não apenas pelo uso da tinta, mas pela ênfase numa gestualidade a partir do pincel. 

 

Neste trabalho investigo o fluxo das forças de ação de cada gesto durante o fazer de cada imagem. É na ação repetida e concentrada,  que diferenças e semelhanças têm a possibilidade de surgir e tecer o todo.

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