PERCURSOS
Artista visual, arte contemporanea
Pensar em percursos no plural é uma ideia que se aplica à minha carreira desenvolvida ao longo dos anos levando em consideração a transversalidade. Arte, autoconhecimento e relação/contato são três vertentes que se entrecruzam ao longo de meu caminho.
Minha primeira formação acadêmica se deu no campo da ciência (Farmácia Bioquímica, USP). Foi ali que comecei a entender que a saúde tem a ver com o autoconhecimento muito mais do que com os procedimentos que a indústria da doença impinge. Foi também onde comecei a experimentar, para então entender nos anos seguintes, que o meu real interesse era experenciar. Na sutil diferença entre as palavras, entender que a relevância nas descobertas proporcionadas pelos processos valem mais do que a obsessão pelo resultado.
Foi ainda durante a faculdade de Farmácia que comecei a desenhar e depois, a pintar. Quando comecei a estudar Arte na FAAP, iniciei também um estágio em joalheria para aprender um novo ofício. O fazer manual da joalheria aportou a uma nova possibilidade: a de explorar as relações tridimensionais da matéria na escala do corpo.
PERCURSOS
Artista visual, arte contemporanea
Pensar em percursos no plural é uma ideia que se aplica à minha carreira desenvolvida ao longo dos anos levando em consideração a transversalidade. Arte, autoconhecimento e relação/contato são três vertentes que se entrecruzam ao longo de meu caminho.
Minha primeira formação acadêmica se deu no campo da ciência (Farmácia Bioquímica, USP). Foi ali que comecei a entender que a saúde tem a ver com o autoconhecimento muito mais do que com os procedimentos que a indústria da doença impinge. Foi também onde comecei a experimentar, para então entender nos anos seguintes, que o meu real interesse era experenciar. Na sutil diferença entre as palavras, entender que a relevância nas descobertas proporcionadas pelos processos valem mais do que a obsessão pelo resultado.
Foi ainda durante a faculdade de Farmácia que comecei a desenhar e depois, a pintar. Quando comecei a estudar Arte na FAAP, iniciei também um estágio em joalheria para aprender um novo ofício. O fazer manual da joalheria aportou a uma nova possibilidade: a de explorar as relações tridimensionais da matéria na escala do corpo.
Entre 2000/2012, minha produção transitou no território que se coloca entre a Joalheria e a Arte, investigando novas possibilidades em tipologias, materiais e sobretudo, nas interrelações que se estabeleciam entre eu/outro,
O trabalho se deu não apenas no desenvolvimento de objetos pensados para o corpo e para dialogar com o outro, mas também em várias outras vivências muito ricas. Pude expor meu trabalho em diversos países, e tive maravilhosas trocas e experiências de vida. Em 2010 fui indicada ao Prêmio Prince Claus pelo trabalho desenvolvido com Projeto Nova Joia (2006/2014), plataforma que promoveu palestras e exposições, workshops e cursos sobre esse território cinza
da série "Longing for the body", latex, 2005"
A ideia de transbordar fronteiras sempre fez parte de meu procedimento poético, traduzida pela presença eventual da fotografia e a instalação junto ao objeto relacional. No entanto, depois de Cetro/Entretantos (2013) marca-se o início de um desvio de percurso. Foi quando comecei a entender que podia prescindir do objeto para experenciar o contato com o outro, grande foco de meu interesse na pesquisa do objeto.
Desde 2004, paralelamente às práticas artísticas, eu havia iniciado o Aikido, arte marcial desenvolvida no Japão a partir de meados do século XX e que se distingue de outras artes marciais por buscar a harmonização pelo contato.
Pouco antes do final de meu mestrado, em 2012, eu me graduei faixa preta e comecei a trabalhar como instrutora de Aikido. Isso significou que o contato a partir da integração corpo/mente passaram a ser imprescindíveis no meu entendimento de vida e prática cotidiana.
O Aikido parecia me fornecer a interação com o outro que eu havia buscado com o objeto-joia sem a necessidade da intermediação do objeto. A relação se dava pelo contato corporal, pela troca de ki, a energia sutil que nos anima.
A pesquisa dessa integração corpo/mente me aproximou do campo da educação e o contato direto com pessoas das mais diversas faixas etárias. Essas vivências me fizeram ir buscar mais formações em outras práticas corporais como o Chi Kung, o Kinomichi e o Método Feldenkrais, que levaram ao desenvolvimento de minha didática como instrutora de Aikido que ofereço como workshops /vivências para grupos ou individualmente.
Esse mergulho na filosofia oriental também me levou gradualmente às práticas de Zensho e Shodo e foi por ali que voltei a pintar e desenhar. Esse retorno significa uma contaminação pela ideia de que o gesto é carregado de uma intenção do momento presente e não há retorno, não há rearranjos, assim como um golpe iniciado e terminado. O gesto inicial no campo do papel ou da tel para mim não é muito distante do encontro com o outro no tatame. Ali se dá o desenrolar da imagem.
Explorando a ideia de corpo-desenhante mais atenta ao conceito japonês de hitsu-i, o espírito do pincel, explorando o instante em que o pincel entra em contato com o papel e revela a mente do artista, a pintura e o desenho assim ressurgem em meu percurso profissional como uma pesquisa que vai se concentrando na questão da visão e da imagem.
Esse movimento significou também o desenvolvimento das minhas aulas de desenho, e entre elas, "Qual é o meu desenho?", oficina que foi contemplada com o prêmio Funarte Arte em Toda Parte.